sexta-feira, 18 de julho de 2008

A Política Nacional, o Golpe de 1964 e seus reflexos em Aquidauana

(Publicado no Site da FM PAN de Aquidauana - MS, em 17-07-08

Apesar da ausência de nitidez ideológica, como vem ocorrendo na maioria dos municípios brasileiros, fruto da dissolução dos partidos, pelo governo ditatorial, é conveniente, para se compreender, mesmo hoje, a política aquidauanense, nos remontarmos ao cenário em que ela se desenvolvia no período anterior a 1964 e, o que ocorreu, posteriormente.
Até então, os campos políticos eram bem delimitados: três correntes políticas predominavam:
A UDN à direita (conservadora), o PSD ao centro (nem um, nem outro, antes pelo contrário, como diria um político mineiro) e o PTB à esquerda (reformista).
Como não poderia deixar de ser, este quadro se repetia em Aquidauana, seguindo a lógica da política federal e estadual.
O PSP (Partido Social Progressista) era, predominantemente, paulista, sem característica ideológica e personalista, pertencente ao ex-Interventor e ex-Governador de São Paulo, o médico Ademar de Barros, duas ou três vezes candidato a Presidência da República.
Entre outras correntes, destacamos o PSB, com clara definição socialista, o PRP, integralista, de Plínio Salgado e, o PL, do Deputado gaúcho Raul Pila, baluarte da pregação do regime parlamentarista, idéia que penetrava nos diversos partidos, tendo seu avanço detido e frustrado pela sua implantação, como casuísmo, para “castrar” o Governo de João Goulart, tendo vida efêmera, revogado por plebiscito. .
A UDN perdera a eleição presidencial de 1945, quando o Brigadeiro Eduardo Gomes foi derrotado pelo General Eurico Gaspar Dutra.
Nesta eleição concorreu também o candidato do Partido Comunista, Iedo Fiúza.
Em Aquidauana foi candidato a Deputado Estadual o Sr. José Alves Ribeiro (“Coronel” Zélito”), não se elegendo.
Em 1950, o mesmo Brigadeiro (UDN) perdeu a eleição para Getúlio Vargas.
0 PSD concorreu com Cristiano Machado que teve pequena votação, pois as bases pessedistas preferiram, gerando a palavra “cristianização”.
Descorçoada com os pleitos eleitorais a UDN começa apelar para o golpismo, desenvolvendo oposição sectária e “infernizando” o Governo Vargas.
O suicídio de Getúlio Vargas conduz ao poder o Vice-Presidente Café Filho, do PSP, eleito na chapa de Vargas, mas que se aproximara da UDN.
É nomeado o General João Baptista Dufles Teixeira Lott para Ministro da Guerra
O suicídio de Getúlio, em 24 de agosto de 1964, golpeia a UDN. Ele, morto aterroriza, muito mais, e faz mais estragos na UDN, do que quando vivo.
Juscelino Kubstcheck, do PSD, ex-Governador de Minas Gerais se candidata a Presidente da República, em 1955.
A UDN, já apelidada “vivandeira dos quartéis”, brada, através do jornalista Carlos Lacerda, seguido em coro pela chamada “banda de música da UDN, esbravejando: Juscelino não será eleito, se for eleito, não tomará posse, se tomar posse não terminará o mandato.
Pois bem, Juscelino é eleito, vencendo o candidato da UDN, General Juarez Távora, o qual pregava a “revolução pelo voto”.
Inicia-se ferrenha campanha udenista contra a posse de Juscelino Kubstcheck de Oliveira.
O mesmo Lott viria impedir o Presidente Café Filho, em 11 de novembro e, em 21 do mesmo mês, o Presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz, que o substituíra na Presidência da República, tudo isto, unicamente para assegurar a posse de Juscelino.
O Governo de Juscelino, com seu plano de metas, o slogam “Cinqüenta anos em cinco” a fundação de Brasília, a mudança da Capital para o Planalto, o desenvolvimento da indústria automobilística, entre outras causas, transformaram Juscelino no maior estadista da República, ombreando com Getúlio Vargas.
Em Aquidauana, existia um alto nível de partidarismo, de fidelidade partidária e de caciquismo e coronelismo político.
O eleitorado de cada partido era bem delimitado.
O candidato não tinha muita significação. Importante era a sigla a que pertencia e o cacique que a comandava.
Eu sou da UDN, eu do PSD, eu sou do PTB, eu sigo o Coronel Zelito, eu acompanho Ovídio Costa, eu sigo Antonio Trindade, eu acompanho o Bonifácio (Nunes da Cunha),
Eu estou com o Maneco (Manoel Paes de Barros), predecessor de Antonio Gonçalves, o Antoninho e, Manoel Souza Cruz, no comando do PTB.
Nas últimas eleições, incluindo a de 1962, o PSD e o PTB estiveram coligados.
O eleitor afirmava: Eu sou da coligação ou, eu sou udenista.
Fundado sob a inspiração de Getúlio Vargas, “entre 1945 e 1964 foi o PTB o partido que mais cresceu, tanto em número de votos, quanto em número de filiados: em 1946 o PTB tinha 22 deputados federais; em 1964 já tinha 104. Isto refletiu a crescente urbanização e industrialização que o Brasil experimentou naqueles anos. O PTB era, entre os grandes partidos de então, o mais à esquerda, e era constantemente acusado pelos opositores de ter políticas comunistas.”
Era assim. O golpe de 1964 mudou tudo. E agora?... (Edson Paim escreveu).

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