sábado, 1 de novembro de 2014

José Fragelli, Edison Brito Garcia, Sebastião Cunha e nós (Edson Paim)


Edison Brito Garcia, jovem advogado, radicou-se em Aquidauana, onde exercia a profissão. 
Em 1958 foi eleito Deputado Estadual, pela UDN, cujo desempenho o credenciou para o mandato de Deputado Federal, eleito em 1862, pela mesma sigla, tendo honrado a representação de Aquidauana e do sudoeste, na Assembleia Legislativa e, a dessa região e do velho Mato Grosso, na Câmara Federal.
Mas Edison Garcia, passou a integrar o Grupo "Bossa Nova", da UDN progressista, juntamente com os deputados Seixas Doria (de Sergipe), José Sarney (do Maranhão), Ferro Costa (do Pará), Adahil Barreto (do Ceará) e José Aparecido (ainda não parlamentar) e de outros ilustres deputados.
Esta decisão, ao arrepio da ideologia dos "caciques" da agremiação conservadora, resultou, numa das "levas" tardias, ma cassação do seu mandato e a suspensão dos seus direitos políticos, por dez anos, calando assim, uma das melhores consciências e vozes, correspondentes a mais legítima representação que Aquidauana já teve, da estirpe de José Fragelli, o decano dos políticos aquidauanenses:Deputado Federal,culto e operoso membro da Comissão de Finanças da Câmara Federal, Governador do Estado, Senador da República, Presidente do Senado Federal, tendo exercido interinamente a Presidência da República, integrando com o Marechal Eurico Gaspar Dutra e Jânio Quadros, a galeria de mato-grossenses que ocuparam a mais alta magistratura do país.
Tendo cultivado amizade com Edison Garcia, por ocasião de minhas visitas a Aquidauana, continuando quando retornei a essa cidade, com ânimo definitivo.
Após a minha reforma, pelo Ato Institucional (que ainda não tinha número, só se transformando em AI-1, quando foi editado o segundo, fui consultar Edson Garcia que me aconselhou deixar Aquidauana, pois o "arsenal repressivo" ainda dispunha de "chumbo grosso".
A mesma opinião foi manifestada pelo Deputado Sebastião Cunha (PSD), oficial do nosso Exército, que mereceu acatamento, face ao convívio que tivéramos, em Aquidauana, no Rio de Janeiro, principalmente, na oasião em que eu cursava a Escola de Comunicações do Exército, em Deodoro, quando ele me convidou para residir no sexto andar do Palácio do Exército, sede de um Contingente que ele comandava, pois eu fazia, à noite, o Curso de Técnico de Contabilidade, na Rua da Constituição, próximo da Praça Tiradentes, reconhecendo ele a dificuldade de voltar para Deodoro, após o término das aulas. No Palácio Duque de Caxias, dividia um quarto, com o Sargento Stein.
Ironia do destino: Brito Garcia, cassado, desgostoso, também deixou Aquidauana, contra a sua vontade, por se certificar que não existia mais "clima" para a sua permanência, indo "curtir" suas mágoas em Brasília, onde ele exercia com sucesso suas atividades administrativas no setor imobiliário, tendo sido acometido de hipertensão, o que contribuiu para a sua morte prematura, afastando-o do nosso convívio e privando Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e o país da sua capacidade, honradez e operosidade.
Por oportuno, preciso registrar a manifestação do Dr. José Fragelli, cujo convívio resultou que ele se tornasse meu avalista no Banco da Lavoura, o qual, várias vezes se manifestara que não concordava com a injustiça que fizeram com "esse menino".
Após o término do mandato de Governador de Mato Grosso reencontrei o Dr José Fragelli, como o povo aquidauanense o tratava, agradeci as referências que ele teria feito a terceiros e ele, não só as confirmou, como disse que teria o máximo prazer e o dever de justiça, em declarar por escrito ou depor, se tal fosse preciso.
A respeito do Senador José Fragelli, devo, por dever de Justiça, registrar o fato de ter ele, Presidente do Senado Federal, com a sua proverbial cordialidade, nos recebido, em 1986, (a Deputada Rosalda Paim e eu), quando ela lhe solicitou a inclusão, na ordem do dia, do projeto que regulamentava o exercício da enfermagem no país.
Como se tratava de final de legislatura, se o projeto que já fora aprovado na Câmara dos Deputados, emendado pelo Senado, se encontrava com todos os pareceres das Comissões da Câmara Alta da República e, se não fosse aprovado, naquele ano, seria arquivado.
A decisão imediata do Presidente José Fragelli, incluindo o projeto, na ordem do dia, permitiu a sua aprovação em tempo hábil, possibilitando nossa atuação na Câmara dos Deputados, principalmente junto ao Deputado Max Mauro (ES), concunhado da Deputada Rosalda Paim, para que conseguíssemos a aprovação nas Comissões e, posteriormente, a ação decisiva da liderança do PDT, a fim de que o projeto entrasse na ordem do dia e fosse aprovado no Senado.
Destarte, a Enfermagem brasileira e a sua então representante, Deputada Rosalda Paim, a primeira enfermeira parlamentar do Brasil, estão a dever ao Senador José Fragelli esta enorme contribuição, dentre os notáveis serviços que ele prestou aos dois Estados gêmeos e ao país.
Por derradeiro, faço um apelo a todos que conheceram e privaram do convívio com o Deputado Edison Brito Garcia, para que promovam algum ato de desagravo à memória do brilhante, honesto, eficiente e eficaz parlamentar, tão brutalmente se tornado vítima do arbítrio, em pleno fragor da juventude e, prematuramente, afastado do nosso convívio.



Ombudsman
NA TRIBUNA DA IMPRENSA, o "historiador (sic) e analista político" Said Barbosa Dib diz que "a persistência de Sarney em defender a cláusula democrática como critério para o ingresso no Mercosul se justifica pela vida do ex-presidente: são 52 anos de vida pública sempre comprometida com as liberdades democráticas" (sic). E cita três fatos inexistentes e estrambóticos.
1 - "Como udenista bossa-novista (sic), já havia participado (sic) da luta contra a ditadura Vargas, mais sanguinária do que a dos militares".
Errado. Sarney nasceu em 1930. A ditadura Vargas acabou em 1945, quando a UDN surgiu, e Sarney era um fedelho de ginasial. A "Bossa-Nova" da UDN só iria ser criada no congresso da UDN em Recife, em abril de 1961, três meses depois da posse de Janio, pelos deputados Seixas Doria (de Sergipe), José Sarney (do Maranhão), Ferro Costa (do Pará), Adahil Barreto (do Ceará) e José Aparecido (ainda não deputado, só iria eleger-se em 62), que organizaram um grupo para apoiar as propostas "nacionalistas, reformistas e de interesse popular" de Janio, contra o grupo conservador "Banda de Música", liderado pelo deputado Herbert Levy (de São Paulo). No fim, fizeram uma composição: Levy foi eleito presidente da UDN e Sarney vice.
(Trecho da coluna de Sebastião Nery - Tribuna da Impre
nsa - 15-11-07)