domingo, 5 de outubro de 2008

Fauzi Decreta: O Fim de Uma Oligarquia, em Aquidauana

Fonte: FM Pan de Aquidauana
Edson Paim

Desde as eleições de 1945, com o fim do Estado Novo, uma oligarquia (ou dinastia?), de raízes udenistas e arenistas, domina Aquidauana, com rarissimas interrupções.

Fundamentada no "coronelismo", no voto de cabresto, na compra de votos, nas "carneadas" às vésperas e nos dias de eleições, na tutela da classe média urbana, na exploração dos indígenas, no mapismo (controle da apuração dos votos e adulteração das listas), no domínio da máquina pública, no empreguismo, além de ter utilizado a delação (dedo durismo), por ocasião do golpe de 1964, uma elite rural predomina em Aquidauana, por mais de meio século.

Através desses métodos, esse grupo exerceu uma política obscurantista e uma administração conservadora do "status quo", em benefício dos grupos de que participa e, em detrimento da população, cuja maioria, supostamente representava.

Em 1958, o Professor Antonio Salustio Areias, da Coligação PSD-PTB (PTB de verdade) consegue quebrar tal hegemonia, elegendo-se Prefeito, mas recebeu uma Prefeitura endividada, como consta de publicação na Revista Brasil-Oeste.

Em 1962, assumimos a Vice-Presidência do PTB, secundando Ramão Antonio Gonçalves e, com Benedito Eloy Vasco de Toledo, Manoel de Souza Cruz, Adonis Gonçalves, Almiro Flores Nogueira, Alarico Medeiros (Belinho) e outros, realizamos o maior movimento político de base, até então, ocorrido em Aquidauana, incluindo a Margem Esquerda do Rio Aquidauana e que culminou com a criação do Município de Anastácio.

Ajudamos a fundar, inclusive, o Sindicato Rural de Guia Lopes.

Roberto Orro, ainda estudante, comungava de nossas idéais e foi nossso eleitor, em 1962, quando candidato a Deputado Estadual.

Em um jeep, estivemos em campanha na região de Morrinho, quando, ao pedirmos voto, em certa casa, uma senhora respondeu que não votava.

Então, lhe dissemos: Mas a senhora pode me dar uma "mãozinha". Ela, imediatamente, nos estendeu a mão.

Sempre que nos encontramos, Orro se refere a este fato pitoresco e ri muito, como o fez, na presença do Raul Freixes e do Plinio Sellis, por ocasião de uma visita que, certa vez, nós três lhe fizemos, em sua Fazenda.

Afastado do Exército, por ação da UDN de Aquidauana, tive de deixar a cidade, a fim de sobreviver, mas, com Roberto Orro, Ivan e Trindade e outros, participei das lutas do MDB local, quando podia vir a esta cidade, assim como o fazia no Partido, no Rio de Janeiro.

Fomos os maiores instigadores do lançamento da primeira candidatura de Roberto Orro, a Deputado Estadual.

Ironicamente, estivemos a abrir espaço para esta tentativa de retorno da oligarquia responsável pela nossa cassação e de outros seguidores de Leonel Brizola e que, agora, teve sua ação frustrada pela estrondosa da vitória de Fauzi: 15.316 contra 9.746 votos, ou seja, 61,11% a 32,89%.

Como Fauzi está assaz preparado para administrar Aquidauana e temos certeza de que fará uma administração voltada para os interesses do povo de Aquidauana e não mais para satisfazer os privilégios de uma minoria que há meio século trava o progresso da Princeza do Sul, se pode afirmar com certeza que, depois da administração de Fauzi, governo oligárquico, em Aquidauana: Nunca Mais!"

2 comentários:

PASTORA PAIM disse...

VALEU TIO EDSON!
TENHO ORGULHO EM SER SUA SOBRINHA!
NÃO ASSINO PAIM POR ACASO!
ESTOU DISPOSTA A CONTINUAR SUA LUTA!

Lucas André Viegas Carvalho de Siqueira disse...

Pelo caráter de seus participantes pode-se conhecer a natureza de um movimento político.
Conviver com Benedito Eloy Vasco de Toledo é, ainda hoje, para mim, uma sobejada honra ainda por nada equiparada.
Os bons frutos desses poucos, hoje, estão na Democracia de nosso país e no desenvolvimento humano de nosso Estado.
Que os nossos jovens saibam onde procurar os exemplos para guiar o seu caminho! Eles existem bem próximos de nós.