Edison Brito Garcia, jovem advogado, radicou-se em Aquidauana, onde 
exercia a profissão. 
Em 1958 foi eleito Deputado Estadual, pela UDN, 
cujo desempenho o credenciou para o mandato de Deputado Federal, eleito 
em 1862, pela mesma sigla, tendo honrado a representação de Aquidauana e
 do sudoeste, na Assembleia Legislativa e, a dessa região e do velho 
Mato Grosso, na Câmara Federal.
Mas Edison Garcia,
 passou a integrar o Grupo "Bossa Nova", da UDN progressista, juntamente
 com os deputados Seixas Doria (de Sergipe), José Sarney (do Maranhão), 
Ferro Costa (do Pará), Adahil Barreto (do Ceará) e José Aparecido (ainda
 não parlamentar) e de outros ilustres deputados.
Esta
 decisão, ao arrepio da ideologia dos "caciques" da agremiação 
conservadora, resultou, numa das "levas" tardias, ma cassação do seu 
mandato e a suspensão dos seus direitos políticos, por  dez anos, 
calando assim, uma das melhores consciências e vozes, correspondentes a 
mais legítima representação que Aquidauana já teve, da estirpe de José 
Fragelli, o decano dos políticos aquidauanenses:Deputado Federal,culto e 
operoso membro da Comissão de Finanças da Câmara Federal, Governador do 
Estado, Senador da República, Presidente do Senado Federal, tendo 
exercido interinamente a Presidência da República, integrando com o 
Marechal Eurico Gaspar Dutra e Jânio Quadros, a galeria de 
mato-grossenses que ocuparam a mais alta magistratura do país.
Tendo
 cultivado amizade com Edison Garcia, por ocasião de minhas visitas a 
Aquidauana, continuando quando retornei a essa cidade, com ânimo 
definitivo.
Após
 a minha reforma, pelo Ato Institucional (que ainda não tinha número, só
 se transformando em AI-1, quando foi editado o segundo, fui consultar 
Edson Garcia que me aconselhou deixar Aquidauana, pois o "arsenal 
repressivo" ainda dispunha de "chumbo grosso".
A
 mesma opinião foi manifestada pelo Deputado Sebastião Cunha (PSD), 
oficial do nosso Exército, que mereceu acatamento, face ao convívio que 
tivéramos, em Aquidauana, no Rio de Janeiro, principalmente, na oasião 
em que eu cursava a Escola de Comunicações do Exército, em Deodoro, 
quando ele me convidou para residir no sexto andar do Palácio do 
Exército, sede de um Contingente que ele comandava, pois eu fazia, à 
noite, o Curso de Técnico de Contabilidade, na Rua da Constituição, 
próximo da Praça Tiradentes, reconhecendo ele a dificuldade de voltar 
para  Deodoro, após o término das aulas. No Palácio Duque de Caxias, 
dividia um  quarto, com o Sargento Stein.
Ironia
 do destino: Brito Garcia, cassado, desgostoso, também deixou 
Aquidauana, contra a sua vontade, por se certificar que não existia mais
 "clima" para a sua permanência, indo "curtir" suas mágoas em Brasília, 
onde ele exercia com sucesso suas atividades administrativas no setor 
imobiliário, tendo sido acometido de hipertensão, o que contribuiu para a
 sua morte prematura, afastando-o do nosso convívio e privando Mato 
Grosso, Mato Grosso do Sul e o país da sua capacidade, honradez e 
operosidade.
Por
 oportuno, preciso registrar a manifestação do Dr. José Fragelli, cujo 
convívio resultou que ele se tornasse meu avalista no Banco da Lavoura, o
 qual, várias vezes se manifestara que não concordava com a injustiça 
que fizeram com "esse menino".
Após
 o término do mandato de Governador de Mato Grosso reencontrei o Dr José
 Fragelli, como o povo aquidauanense o tratava, agradeci as  referências
 que ele teria feito a terceiros e ele, não só  as confirmou, como disse
  que teria o máximo prazer e o dever de justiça, em declarar por 
escrito ou depor, se tal fosse preciso.
A
 respeito do Senador José Fragelli, devo, por dever de Justiça, 
registrar o fato de ter ele, Presidente do Senado Federal, com a sua 
proverbial cordialidade, nos recebido, em 1986, (a Deputada Rosalda Paim
 e eu), quando ela lhe solicitou a inclusão, na ordem do dia, do projeto
 que regulamentava o exercício da enfermagem no país.
Como
 se tratava de final de legislatura, se o projeto que já fora aprovado 
na Câmara dos Deputados, emendado pelo Senado, se encontrava com todos 
os pareceres das Comissões da Câmara Alta da República e, se não fosse  
aprovado, naquele ano, seria arquivado.
A
 decisão imediata do Presidente José Fragelli, incluindo o projeto, na 
ordem do dia, permitiu  a sua aprovação em tempo hábil, possibilitando 
nossa atuação na Câmara dos Deputados, principalmente junto ao Deputado 
Max Mauro (ES), concunhado da Deputada Rosalda Paim, para que 
conseguíssemos a aprovação nas Comissões e, posteriormente, a ação 
decisiva da liderança do PDT, a fim de que o projeto entrasse na ordem 
do dia e fosse aprovado no Senado.
Destarte,
 a Enfermagem brasileira e a sua então representante, Deputada Rosalda 
Paim, a primeira enfermeira parlamentar do Brasil, estão a dever ao  
Senador José Fragelli esta enorme contribuição, dentre os notáveis 
serviços que ele prestou aos dois Estados gêmeos e ao  país.
Por
 derradeiro, faço um apelo a todos que conheceram e privaram do convívio
 com o Deputado Edison Brito Garcia, para que promovam algum ato de 
desagravo à memória do brilhante, honesto, eficiente e eficaz 
parlamentar, tão brutalmente se tornado vítima do arbítrio, em pleno 
fragor da juventude e, prematuramente, afastado do nosso convívio.
Ombudsman
 NA TRIBUNA DA  IMPRENSA,
 o "historiador (sic) e analista político" Said Barbosa Dib diz que "a 
persistência de Sarney em defender a cláusula democrática como critério 
para o ingresso no Mercosul se justifica pela vida do ex-presidente: são
 52 anos de vida pública sempre comprometida com as liberdades 
democráticas" (sic). E cita três fatos inexistentes e estrambóticos.
 1 - "Como udenista bossa-novista (sic), já havia participado 
(sic) da luta contra a ditadura Vargas, mais sanguinária do que a dos 
militares".
 Errado. Sarney nasceu em 1930. A ditadura Vargas acabou em 1945, quando
 a UDN surgiu, e Sarney era um fedelho de ginasial. A "Bossa-Nova" da 
UDN só iria ser criada no congresso da UDN em Recife, em abril de 1961, 
três meses depois da posse de Janio, pelos deputados Seixas Doria (de 
Sergipe), José Sarney (do Maranhão), Ferro Costa (do Pará), Adahil 
Barreto (do Ceará) e José Aparecido (ainda não deputado, só iria 
eleger-se em 62), que organizaram um grupo para apoiar as propostas 
"nacionalistas, reformistas e de interesse popular" de Janio, contra o 
grupo conservador "Banda de Música", liderado pelo deputado Herbert Levy
 (de São Paulo). No fim, fizeram uma composição: Levy foi eleito 
presidente da UDN e Sarney vice.
(Trecho da coluna de Sebastião Nery - Tribuna da Imprensa - 15-11-07)