quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Uma história de amor e trabalho


Em 1951, como sargento, terminei o Curso de Mecânico de Rádio, na Escola de Comunicação do Exército e escolhi São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, para servir.
Esta escolha tinha razões sentimentais.
Iria ao encontro de minhas raízes, pois meu pai, Afonso Martins Paim, saíra de Santa Maria da Boca do Monte, em 1910, com 12 anos de idade, juntamente com seus irmãos, acompanhando meus avós, João Pereira Paim (Jango) e Amantina Martins Paim.
No início de 1952, enquanto aguardava embarque para os pampas, conheci Rosalda, fato que viria transformar, radicalmente,  minha vida.
Isto me impôs o pedido de retificação da minha transferência do 1º./6º. R.O. 105, sediado em São Leopoldo, para o 1º. G.Can.Au.A.Ae.40, localizado próximo à Quinta da Boa Vista no Rio de Janeiro, o que não fora difícil,  já que nesta Unidade havia vaga na graduação e especialidade e porque a transferência anterior resultara de escolha pessoal, em razão da boa classificação no Curso (terceiro lugar).
Em contrapartida, Rosalda abdicara de uma bolsa de estudos, no México, para não ficarmos longe, um do outro.
 Se não bastasse isso, como lugar-tenente da diretora da Escola de Enfermagem do Estado do Rio de Janeiro, Aurora de Afonso Costa, jogou pela janela a futura condição de professora titular da UFF para, então com três filhos menores, Afonso (4 anos), Lindaura (2 anos) e Dina Régia (recém-nata), a fim de me acompanhar ao então Estado de  Mato Grosso, mais precisamente Aquidauana, para onde o Exército Brasileiro me transferira, após haver concluído o Curso da Escola de Saúde do Exército e nomeado 1º. Tenente Dentista.
Atingido pelo AI-1 em 1964, retorno ao Rio de Janeiro, onde cumpri exílio e perseguição dentro de minha própria pátria, durante os “anos de chumbo”, por haver recusado a me afastar de Rosalda e dos nossos filhos.
 Enquanto isso, ela recomeçava a carreira na UFF como auxiliar de Ensino, passando a Assistente e Titular por concurso, o que poderia ter atingido vinte anos antes, através da lei que criou a Universidade Federal Fluminense.
Mas foi, exatamente essa sua titânica luta a enriqueceu e a transformou em um dos ícones da enfermagem.
Capixaba de nascimento, Rosalda é agraciada com títulos de cidadania de Niterói, Caxias, Itava (RJ) e de Anastácio (MS)  e o de Cidadã Fluminense, por proposta da Deputada Graça Matos, mas para a Professora Doutora Izabel Cruz, Rosalda Paim é ”cidadã do mundo”.
Enquanto, para mim, ela é próprio sentido da minha vida.
Pretendo dedicar o resto dos meus dias, a cuidar dela, como sei que ela cuidaria de mim, e não medirei esforços para divulgar sua obra prima, a Teoria Sistêmica Ecológica Cibernética, cuja última edição está no prelo e, que após 43 anos de aprovação pela PUC, não foi superada e a enfermagem ainda não encontrou seu próprio caminho. 

(Texto comemorativo do 83º aniversário de Rosalda Cruz Nogueira Paim, em 25 de agosto de 2011).

Edson Nogueira Paim escreveu 
  

Nenhum comentário: